CORONAVÍRUS: atenção às novas tendências de mercado

Superado os primeiros impactos da crise, especialmente aqueles de teor psicológico sobre os empreendedores, é importante olhar para frente e pensar no longo prazo para buscar oportunidades.

 Como já abordado em outros textos, a serenidade do empreendedor de negócios de micro, pequeno e médio porte é fundamental para tomar as decisões de curto prazo e manter a operação dos negócios. A serenidade também será fundamental para identificar os nichos que estão lucrando na crise e criar soluções para se aproximar destes nichos e até revisar modelos de negócio.

No entanto, ciente de que alguns negócios irão se beneficiar da crise apenas no curto prazo, é muito importante observar os movimentos de mercado que serão perenes, tendências globais que podem representar novos hábitos de consumo!

 Essas novas tendências de consumo podem fazer surgir alguns mercados e extinguir outros, por isso é tão relevante ao empreendedor estar atento à todas informações que passam a evidenciar estes movimentos. A natureza das informações são das mais diversas, como o número de vendas (crescimento ou retração) de segmentos econômicos específicos, restrições de operação de negócios por força governamental, surgimento de regras de conduta em determinados locais ou ramos de atuação, criação de políticas ou incentivos setoriais, etc.

Em permanente busca de informações, o empreendedor ainda precisa desenvolver uma visão sistêmica para criticar todas estas constatações, pensando no comportamento social com reflexões antropológicas (principalmente de hábitos das pessoas no passado) e científicas (fatos do presente que podem nortear novos hábitos). Além disso, a sensibilidade do empreendedor, formada por experiências passadas ou de intuições sobre o futuro, também pode ser o diferencial para vislumbrar oportunidades e encontrar brechas de mercado dentro de uma nova realidade de consumo que a crise irá estabelecer.

Dentre algumas projeções que já é possível refletir a partir do atual cenário, como alguns pontos abaixo:

Alimentação: o crescimento da alimentação em casa, especialmente através de serviços de delivery, já era uma realidade há mais de uma década e a crise só evidenciou ainda mais esta tendência. É viável imaginar o surgimento de: mais negócios focados na entrega de alimentos; aumento de fabricantes (grandes grupos) de refeições apenas para delivery; novos aplicativos de alimentação por delivery focado por temáticas ou região (focado em carnes, vegetarianos, saudável, sobremesas, etc ); e criação de novas tecnologias de armazenamento e transporte de alimentos.  Por outro lado, é inimaginável pensar que novos restaurantes serão abertos sem uma operação mínima de delivery, por mais distante que seja do conceito principal do negócio!

Educação: o ensino à distância (EAD) – que vinha crescendo ano após ano durante a última década – certamente sofrerá uma explosão da demanda a partir da crise, que deve dizimar a resistência de instituições e professores à esta modalidade de ensino. De fato a oferta de plataformas de EAD, que já razoável, deve ser ampliada e novas tecnologias devem ser desenvolvidas. A oferta de cursos também deve aumentar, juntamente com a qualidade do conteúdo e dos professores, que hoje pode ser contestada. Neste contexto, os espaços universitários deverão se reinventar, pois seus altos custos poderão os tornar obsoletos. Os professores que não se adaptarem às novas ferramentas, podem ter espaço no mercado reduzido. E na análise dos alunos, possivelmente – num futuro próximo – encontrar profissionais graduados em cursos presenciais será cada vez mais raro.

Fitness: os modelos existentes no segmento de academias e espaços físicos estão sob forte ameaça no pós-crise. Pesquisas indicaram que durante os primeiros meses de pandemia, a compra de acessórios fitness aumentou na Espanha e Itália, evidenciando os treinamentos caseiros (ministrados pela internet ou não). No Brasil foi possível observar o aumento de aluguel de equipamentos aeróbicos e a expansão do consumo de canais de treinamento físico online. Exercícios ao ar livre, como corridas e ciclismo, foram poucas das atividades não proibidas pelas políticas de isolamento social no país. Todas estas evidências levam a crer que uma profunda mudança acontecerá neste segmento, reduzindo os modelos de negócios apoiados em espaços físicos coletivos.

EPI: alguns dos equipamentos de proteção individual que estão sendo largamente demandados neste período de crise serão definitivamente adotados como hábito social. São muitos os agentes sociais que começam a defender o uso de máscaras como obrigatório em determinados lugares, como aeroportos, hospitais, embaixadas, etc. Para os mais céticos sobre estas mudanças, basta lembrar que até a década de 90 quase ninguém usava cinto de segurança ao andar de carro. Novas indústrias, novos comércios e novas tecnologias devem surgir na esteira dessa mudança social. 

Home Office: uma tendência já em países do primeiro mundo, certamente sofrerá um impulso no país em razão destes tempos de fechamento de empresas por decreto. As empresas terão que criar estruturas para suportar o trabalho Home Office, assim como, as pessoas deverão buscar disciplina e treinamentos para demonstrar produtividade neste formato. Seja parcial ou focado por setores, será uma realidade perene no pós-crise e esse novo hábito deverá movimentar diferentes segmentos da economia. Desde a necessidade de novos acessórios para trabalho em casa, de novas ferramentas (softwares) para medir produtividade do trabalhador à distância, até soluções relacionadas à redução de transporte público: alguns mercados podem surgir desta tendência acelerada.  

Transportes: a redução da mobilidade das pessoas através do transporte público ou privado será possivelmente uma das marcas deixadas pela crise. Tendências de economia colaborativa já indicavam que aplicativos de carona firmavam-se  como novos hábitos sociais. Essas tendências convergindo com outras que inibem o deslocamento das pessoas, fazem com que a necessidade de ter um veículo próprio, por exemplo, possa tornar-se brevemente obsoleta. A popularização de planos de carro “por assinatura” ou “pay-per-use” podem tornar-se uma realidade no pós-crise. 

Estas são apenas algumas reflexões para ilustrar a necessidade de pensar em todo o cenário que a crise atual está construindo e nas mudanças que podem ser evidenciadas futuramente, para identificar oportunidades de negócio ou preparar-se para adequar-se à estes novos modelos.

Por fim, nessa pesquisa e reflexão em busca de tendências de mercado é necessário considerar que o surgimento de novas pandemias pode ser uma rotina triste mas razoável daqui para frente, sendo que, este receio também pode ser motor de novos padrões de consumo e comportamento das pessoas.    

 

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Autor

Michael Waller

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