Conflito na empresa familiar: tem sempre?

 É claro! 

Recentemente, li um artigo de Josh Baron, um renomado consultor de empresas familiares, na Harvard Business Review, intitulado “Por que empresas familiares precisam encontrar o nível correto de conflito?” (em tradução livre). Foi, para mim, um divisor de águas na maneira de me dirigir ao tema.

Sou da 2ª geração de uma empresa familiar e vivo o dia-a-dia de uma organização que tem buscado se profissionalizar e, paralelamente, estruturar os
mecanismos de governança corporativa necessários às empresas familiares.

Nesse texto que li e que tive oportunidade de debater com colegas no INSPER, no curso Governança em Empresas Familiares: Desafios e Fatores Críticos de
Sucesso, o autor afirma que empresa familiar com muito conflito é bastante ruim, mas, vejam que interessante: empresa familiar com zero conflitos, também!

Confira a tradução de um trecho do artigo:
“O que é menos frequentemente reconhecido é que muito pouco conflito em uma empresa familiar pode ter um impacto igualmente destrutivo. Quando discuto isso com meus alunos na Columbia Business School, onde dou uma aula sobre conflito em empresas familiares, rapidamente se torna aparente que o impacto de conflitos demais e de menos na família e na empresa é quase idêntico. Em ambos os casos, o negócio pode sofrer crescimento limitado, má tomada de decisão, perda de vantagem competitiva e, em casos graves, a venda ou cisão da empresa. Da mesma forma, as famílias tendem a se dividir em facções e ter relacionamentos ruins. Os mecanismos são diferentes, mas os resultados são os mesmos.”

Resolvi, então, conectar o texto com a minha realidade, olhando para a minha família empresária, e identifiquei 3 fatores que me auxiliaram a ver como o
conflito pode ser importante e, na maioria das vezes, até mesmo necessário para o nosso crescimento:

1. Nem conflito de mais, nem de menos
De acordo com Josh Baron, há dois tipos de conflito: o conflito externo e o interno. O primeiro é aquele “declarado”, ou seja, o confronto, a discussão; o conflito interno, por outro lado, “é uma agitação silenciosa, um iceberg de emoções onde a superfície é bastante agradável, mas o perigo está abaixo”. É fundamental a gente saber se situar entre esses dois extremos, nem muito para um lado, nem muito para o outro. 

2. Fricções geram luz
Essa analogia é muito interessante: ao se friccionar duas pedras, elas geram calor e, do calor, surge a luz. Por que haveria de ser diferente no mundo da
empresa familiar? O conflito, quando ocorre amparado pela boa comunicação, pode gerar grandes ideias, soluções e conforto. Ao ver-se numa situação de
conflito, recordar essa imagem pode ser muito útil. 

3. Gerenciar é diferente de tolerar ou eliminar
Como sabemos que sempre vai haver algum tipo de conflito, ter a consciência de que ele pode e deve ser gerenciado é extremamente importante. Tolerar o
conflito é necessário, porém ao não endereçá-lo, ele pode crescer e prejudicar a empresa e a família. O mesmo vale para a sua eliminação; vejo o conflito como se fosse um problema a ser resolvido e, como diz meu pai: “problema vem em fila indiana, a gente resolve um e logo atrás tem outro para resolver.”

Tenho aprendido a não temer os conflitos. Quando bem gerenciados, quando endereçados de maneira profissional e sem suscetibilidades, eles podem gerar até mesmo o fortalecimento dos laços familiares. 

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Autor

Isabela Ferreira Rousseau

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